A comunidade judaica da França recua diante do aumento dos atos antissemitas após o conflito no Oriente Médio

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“O fio das tensões antissemitas permanece tenso e ainda resiste sem romper”

Desde o passado dia 7 de Outubro, dia em que mais de 1.500 combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica (a outra milícia terrorista que opera em Gaza) perpetraram algumas ataques terroristas sem precedentes em Israel que provocou uma resposta contundente e desproporcional do governo israelense sobre a população palestina, a França registrou 1.040 atos contra judeus, e 486 das pessoas presas por esses crimes são estrangeiras. Isto foi confirmado pelo Ministro do Interior da França, Gerald Darmanindurante uma aparição no France 2 em que garantiu que “os atos anti-semitas dispararam na França”.

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Segundo fontes policiais, só em Paris, durante os últimos trinta dias ocorreram 257 casos de anti-semitismo e 90 detenções. As autoridades explicaram estes dias que não existe um perfil típico das pessoas presas, desde rapazes “que dizem coisas muito sérias, até pessoas envolvidas na causa pró-Palestina. A Procuradoria de Paris está também a investigar a colocação de dezenas de estrelas de David (um dos símbolos de identidade mais reconhecidos do judaísmo) em edifícios da cidade e dos seus subúrbios, considerados uma ameaça pelos judeus.

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Estes factos levaram muitos membros da comunidade judaica da capital francesa a adoptar comportamentos de autoproteção para esconder sua adesãocomo retirar o nome do interfone e substituí-lo por iniciais, como explica hoje a Eusébio Val a A Vanguarda. O correspondente do jornal Barcelona acrescenta que também há quem tenha retirado o mezuzá (cilindro contendo um pergaminho com dois versículos da Torá), fixado na porta da frente, elemento característico dos lares judaicos devotos. O medo levou até mesmo muitos judeus a fornecerem nomes falsos ao chamar um táxi.

Tensão anti-semita

“A França tem a maior comunidade judaica e a maior comunidade árabe muçulmana da Europa, por isso, cada vez que a situação se complica em Israel e na Palestina, o impacto é sistematicamente sentido fortemente no nosso país”, explica. Anne-Bénédicte Hoffnervice-diretor do jornal francês La Croixem depoimentos coletados pelo portal SENHOR. Desta forma, o jornalista tira ferro da afirmação do Ministro do Interior francês: “Toda a carreira política de Darmanin baseou-se em acentuar e endurecer as divisões e em apresentar-se como o único bastião da segurança em França”. Mas a situação é mais complexa”, alerta Hoffner.

Para o diretor do portal católico, “o fio das tensões antissemitas permanece tenso e está sendo testado”, mas apesar da situação cada vez mais difícil na Terra Santa e da fragilidade dos subúrbios das grandes cidades francesas, ainda resiste sem quebrar”. “Parece um milagre”, admite o jornalista, ao mesmo tempo que alerta que a prioridade é garantir que o fio não se rompe quando o conflito Israel-Palestina atingir o seu “ponto máximo de crueldade”.

Um dos últimos atos antissemitas em França ocorreu em 2012, em Toulouse e Montauban, quando Mohammed Merah cometeu um ataque no qual sete pessoas perderam a vida, incluindo três crianças e um professor de uma escola judaica. “Durante os últimos dias temos visto atos antissemitas horríveis e sérios, mas felizmente nenhum judeu foi esfaqueado ou atacado ainda”, comenta Hoffner.

A resposta dos bispos franceses

Num momento de grande complexidade e drama, as palavras de Monsenhor Eric de Moulins-Beaufort, que durante o parlamento de abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Francesa em Lorde, ainda em curso, expressou, em nome de todos os bispos franceses, a sua “profunda preocupação” pelos “irmãos e irmãs judeus, tantas vezes, tão facilmente, objecto de ódio em todo o mundo” e apelou à libertação dos reféns israelitas que estão detidos pelo Hamas desde 7 de Outubro. E, “com não menos força”, o prelado quis também mostrar a comunhão da Igreja Francesa com a população de Gaza“submetido – recordou – a terríveis bombardeamentos, que matam civis prisioneiros da má vontade do Hamas e da operação retaliatória de Israel”.

Quando apenas um mês se passou desde o novo surto de violência, o número de civis mortos em Gaza pelos ataques indiscriminados do exército israelense ultrapassa 10.000entre eles, 4.104 crianças e adolescentes, segundo as autoridades sanitárias da Faixa.

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