“Não vale a pena se acostumar a ver morrer no desespero do mar, da noite e dos desertos”
O migrantes que perderam a vida a caminho da Europa, foram novamente recordados, na noite de quarta-feira passada, por ocasião da vigília ecuménica de oração, intitulada “Morrer na esperança”, presidida pelo cardeal e presidente dos bispos italianos, Matteo Zuppi, na Basílica de Santa Maria in Trastevere em Roma.
Por ocasião deste evento promovido por organizações como a Comunidade de Sant Egidi, o cardeal enfatizou a necessidade de defender a dignidade de cada ser humano e expressou, neste sentido, que não se pode morrer de esperança. No seu discurso, enfatizou que a pergunta a ser feita não é onde Deus está, mas onde está o homem: “Deus está conosco”, justificou, “nos ensinando a manter a dignidade humana”.
A celebração contou ainda com o acendimento de dezenas de velas junto a uma cruz de madeira feito com restos de navios naufragadosem memória daqueles que morreram em qualquer tipo de situação tentando chegar à Europa para encontrar uma melhoria nas suas condições humanas. Os fiéis seguravam gérberas vermelhas, laranja e amarelas para simbolizar a vida e a esperança destes migrantes.
O Cardeal Zuppi insistiu que “a Igreja é uma mãe que não pode esquecer os seus filhos“; crianças que, para o clérigo italiano, podem ser representadas pelas 2.429 pessoas que, desde junho passado, morreram nestas circunstâncias. “Estas pessoas não são uma simples estatística e, por isso, a Igreja reza insistentemente por elas”, disse.
Finalmente, o cardeal destacou que nas lágrimas por estes migrantes podemos encontrar a nossa própria humanidade. E ele avisou:Não podemos nos acostumar com isso à tragédia das pessoas que perdem a vida no desespero do mar, da noite e dos desertos, pois perder a sua humanidade implica perder o nosso também”, concluiu.