Sergi Arévalo, codiretor da Associação da UNESCO para o Diálogo Inter-religioso e Interconviccional
Este mês uma nova edição – a oitava – do a Noite das Religiões, Convicções e Crenças em Diálogo. Fá-lo-á, novamente, com uma programação que concentra durante dois dias, nos dias 21 e 22 de outubro, atividades como conferências, sessões de meditação, homenagens, visitas guiadas ou espetáculos de luzes e sons. A intenção, neste sentido, é exclusivamente conciliatória: incentivar o diálogo entre os cidadãos e as comunidades religiosas de diferentes confissões presentes na cidade.
Esta proposta inter-religiosa enraizou-se na Catalunha em 2016. Nessa altura, um grupo de doze jovens ligados à AUDIÇÃOa Associação da UNESCO para o Diálogo Inter-religioso e Interconviccional, teve a ideia de trazer grande parte do realidades espirituais que existem (e convivem) em Barcelona. Com vários cargos religiosos e habituados a frequentar templos de culto de todos os tipos, aventuraram-se a iniciar a primeira edição, tomando como modelo um caso semelhante que se realizou em Berlim. Um dos seus promotores desde a sua criação é o codiretor da AUDIR, Sergi Arévalo (Granollers, 1982).
Qualquer pessoa que entrar neste link perceberá a quantidade de trabalho que realizou para ter um pôster tão abrangente.
Em Barcelona, a Noite das Religiões, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Barcelona e da Fundação “la Caixa”, é a que tem mais participantes na Catalunha devido a uma questão demográfica. Mas já há algum tempo que o modelo se enraizou também noutros municípios como Sant Cugat del Vallès, Tarragona e Vilafranca del Penedès. E é assim que se espera agregar mais vagas. Entre todos os coordenadores, todos os anos partilhamos os contactos que temos e depois acordamos em montar programas como o da edição deste ano, que procuramos tornar atrativos para todos os públicos.
Seguindo o mapa que desenharam, qualquer pessoa poderá viajar quase todo o mundo do ponto de vista religioso. E sem sair de Barcelona. Mas você consegue ver tudo em dois dias?
Não, porque há coincidências. Isto não é, contudo, nenhum inconveniente; anos pelo contrário, qualquer pessoa irá aproveitar a edição do próximo ano, com certeza, para continuar a conhecer espaços que ainda não pôde visitar sem qualquer inconveniente. Dos pouco mais de 20 centros de culto e espaços que colaboraram na primeira edição, contamos atualmente com o apoio de quase cinquenta.
Budismo, Cristianismo Católico, Islamismo, Sikhismo… Existe um bom relacionamento inter-religioso, em termos gerais?
A sensação que se extrai dos quase 3.000 participantes que tendemos a ter anualmente é que há cada vez mais interesse por outras crenças. Nesse sentido, as primeiras pessoas que abordaram a proposta vieram apenas de ambientes religiosos e, por outro lado, hoje em dia, isso está cada vez mais confuso. Agora vêm até famílias inteiras e jovens que não têm laços tão estreitos com a religião.
Como você avalia o reconhecimento que a comunidade bahá’í obteve recentemente, também presente na Noite das Religiões?
Ele fez um esforço significativo para alcançar este marco e é um reconhecimento merecido e significativo. Como comunidade religiosa, sempre esteve envolvida no diálogo inter-religioso e na cultura para a paz.
A Igreja Católica está a fazer o seu trabalho de casa para abrir diálogos com outras religiões?
Houve muito trabalho nos últimos anos. Com o Papa Francisco, este impulso é notável e, como resultado, existem muitas plataformas e iniciativas, dentro da Igreja Católica, que navegam nesta direção.